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Mais fotos comentadas

Continuando com as fotos comentadas, ilustro abaixo mais 2 exemplos: (clique nas imagens para ampliá-las)

Nesta foto o Cesinha está na 2a. de suas 3 entradas na via Coquetel de Energia, em um dia de *muita* chuva, ou seja, bem mais escuro do que já costuma ser no Campo Escola 2000. A via tem um bloco/boulder alto e estrategicamente localizado à sua frente. Local perfeito para se disparar um flash sobre as 3 primeiras costuras da via, sem que a luz aponte muito para cima (minimizando sombras indesejáveis). Como eu estava sem um tripé alto, pedi para a Yuri segurar o flash (felizmente ela estava de preto, se camuflando na escuridão) enquanto eu testava diferentes configurações, antes mesmo da escalada começar. Ali eu notei que poderia compor uma imagem surreal (sem photoshop), bem diferente de toda a luz que os olhos humanos captavam naquele momento. A exposição relativamente rápida (1/160) escureceu os arredores, escondendo propositalmente uma porção de pessoas que estavam assistindo. A foto foi feita pelas 2 da tarde, mas a sensação é noturna, com efeito de holofote, remetendo a um palco, um show, ou campeonato, enfim, um destaque em cima do sujeito. A negatividade ficou bem perceptível pela posição tombada do escalador dentro do enquadramento geral (horizontais paralelas ao solo, perpendiculares às árvores e às costuras penduradas). O resultado ficou incomum, mas eu gostei bastante.

E aqui temos uma foto da Yuri escalando no clássico bloco do Ouriço, na Urca. O local é propício a fotografia: temos uma paisagem belíssima por ali e um grande maciço de pedra à sua frente, onde estou de pé, clicando essa imagem. O dia era de muito sol e a escalada só era possível na sombra. Posicionei 1 flash no canto inferior direito, sem ele a exposição escureceria demais a parte negativa do boulder e consequentemente a escaladora, que apesar de estar “pequena” na composição, é o foco principal da imagem: demonstrar um ser humano interagindo em meio à grandeza da natureza captada (mar, pedra, verde). É por isso que raramente meu estilo de fotografia entra em close-ups (salvo as expressões faciais e detalhes de pegas/agarras), onde perdemos magnitude de cenário, angulações, posicionamento, etc – restringindo a foto ao povo escalador e conhecedor da situação. Meu objetivo é sempre embutir referências realistas para que um público possivelmente desconhecido possa entender e admirar o local e a atividade sendo retratada. Nesta vez eu infelizmente pequei no alinhamento do horizonte que ficou um pouco torto, por prestar muita atenção no enquadramento do assunto na parte inferior. O uso de flash também elimina o recurso de disparos sequenciais (devido ao intervalo de recarga do flash) ou seja, você tem que clicar e acertar. Por esta razão e pela dificuldade que a Yuri tinha em se estabilizar naquela seção do boulder, esta foto foi posada (pausa intencional no movimento). Raramente fotógrafos admitem isso. :-)

Espero que ao revelar estas experiências, sirva de inspiração e, quem sabe, de instrução, aos amantes das montanhas e suas fotografias. Bom fim de semana a todos!