Esses dias arrumei as *desculpas que precisava para abrir uma cerveja de guarda que eu havia encontrado no mercado Zona Sul (RJ) anos atrás, uma pechincha (os menos de R$20,00 me fizeram acreditar que estava com preço errado). Tomei uma na época e reservei uma outra para guarda. Trata-se da belga Liefmans Goudenband:
De guarda? Sim, existem cervejas que podem ser guardadas por anos, seja pelo teor alcoólico ou pela riqueza dos ingredientes. Essa aí da foto tem 7 anos!! A capinha da rolha ainda marcava uma “validade” até 2015…
A Goudenband seria uma brown ale, porém um pouco diferente pela acidez incomum nas clássicas do estilo. Mais uma interrogação: cerveja escura “azeda” e envelhecida? Outro convite para os apreciadores de vinho…
Inicialmente, me surpreendi com a carbonatação do líquido mesmo com seus 7 anos de idade. Espuma pouco persistente. A aparência, marrom avermelhada semelhante (com o perdão da comparação grosseira) a uma coca-cola. Bem limpa/translúcida (fermento decantado no fundo da garrafa). Fui chegando perto do copo e aí começou uma experiência única… uma explosão complexa de aromas, uma viagem sensorial incrível! Não vou ficar traduzindo de maneira sofisticada, mas um bom Porto e toques de cereja foram surgindo na memória olfativa. Em seguida os pequenos goles: PUTA-QUE-PARIU, somente um palavrão para definir, ainda que em menor proporção, o prazer que se sequenciava naquele momento raro. A sensação levemente licorosa continuou pela boca, antes e depois de beber. Madeira, cereja, levíssima acidez, uma complexidade maravilhosa e muito mais equilibrada que a Goudenband mais “nova” que havia tomado antes. Me atrevo a botar esta cerveja no topo do meu antigo ranking, ao lado da Chimay Bleue (outra pérola marrom, ‘a escolhida’ para o brinde do meu casório!). Essa Goudenband de 7 anos estava tão boa que a tomei solo, sem harmonizar com os antepastos que eu havia preparado.
Como é rico o universo da cerveja! Vale muito a pena, sempre recomendo!! Depois desta experiência eu prometi a mim mesmo que, cedo ou tarde, farei uma com poderio de maturação por diversos meses…
Saúde!
*pra quem ficou curioso sobre a ‘desculpa especial’ da ocasião: foi um dia de escaladas marcantes (leia-se no limite da superação) para mim e para a Yuri. Não faço a menor questão de relatar cadenas/números pessoais, portanto apenas lembremos que o importante é “degustar” a vida com intensidade, sempre praticando a arte pela arte ;-]